Quem inicia um tratamento homeopático sério muitas vezes se depara com situações que parecem contraditórias. Você trata uma asma e, de repente, uma erupção antiga na pele reaparece. Ou trata uma depressão profunda e começa a sentir dores nas articulações. Para o olhar leigo, isso pode parecer uma “troca de sintomas” ou até uma piora. Mas para o homeopata clássico, isso é motivo de celebração. Estamos observando a Lei de Hering na homeopatia em ação.
Constantine Hering, considerado o “pai da homeopatia americana”, formulou princípios de observação que descrevem como a cura verdadeira acontece. Não é um processo aleatório. A energia vital, quando estimulada pelo medicamento correto, segue um fluxo preciso para limpar o organismo. Compreender essas leis é fundamental para diferenciar uma cura genuína de uma mera supressão de sintomas.
O mapa da cura: por que a direção importa?
Segundo os ensinamentos da Academia Internacional de Homeopatia Clássica (IACH) e do Professor George Vithoulkas, a doença não é estática; ela se move. Quando adoecemos, a patologia tende a caminhar da periferia para o centro (aprofundamento). Quando nos curamos, ela deve obrigatoriamente fazer o caminho inverso.
A Lei de Hering estabelece quatro direções principais que confirmam que o paciente está recuperando sua saúde:
1. De cima para baixo
Os sintomas tendem a desaparecer primeiro na cabeça e depois nas extremidades. Por exemplo, em um tratamento de artrite, é um excelente sinal se as dores no pescoço e ombros melhorarem antes das dores nos joelhos ou tornozelos.
2. De dentro para fora
Esta é talvez a mais crucial. A cura deve mover-se dos órgãos internos para os externos. Se uma gastrite (interno) melhora e surge uma urticária (externo/pele), a força vital está “expulsando” a desordem para a periferia. O contrário (a pele melhora e surge a gastrite) seria uma supressão perigosa.
3. Dos órgãos mais nobres para os menos nobres
O organismo sábio protege seus centros vitais. A cura verdadeira alivia primeiro a mente, o coração e os pulmões, transferindo a carga para músculos, ossos ou pele. Segundo o “Continuum de uma Teoria Unificada das Doenças” de Vithoulkas, observar essa hierarquia é vital. Um paciente que deixa de ser suicida (mente/muito nobre) mas desenvolve uma dor ciática (nervo/menos nobre) está sendo salvo.

4. A ordem inversa de aparecimento dos sintomas
Esta é a lei que mais surpreende os pacientes. Hering observou que “os sintomas desaparecem na ordem inversa do seu aparecimento”. Isso significa que, durante o tratamento, sintomas antigos que você teve anos atrás podem ressurgir brevemente.
George Vithoulkas enfatiza que este “retorno de sintomas antigos” é a prova cabal de que a cura está atingindo as camadas mais profundas da patologia. É como rebobinar um filme. Se você tratou uma amigdalite com antibióticos há 5 anos e hoje trata uma enxaqueca com homeopatia, é possível que, ao melhorar da enxaqueca, você tenha uma breve dor de garganta. O corpo está “desfazendo” o nó que foi atado no passado.
Por que isso é vital para o seu tratamento?
Entender a Lei de Hering na homeopatia protege o paciente da ansiedade e previne erros médicos. Se um sintoma de pele retorna, o impulso é usar uma pomada para “sumir com ele”. Porém, ao fazer isso, você pode interromper o fluxo de cura que estava limpando um órgão vital, empurrando a doença de volta para dentro (leia mais sobre os perigos da supressão aqui).
Para o homeopata clássico, ver a Lei de Hering em ação é o sinal verde para aguardar e não interferir, pois o próprio organismo está no comando.
A homeopatia não visa apenas o alívio momentâneo, mas a restauração da ordem interna. É um processo fascinante de arqueologia da saúde, onde recuperamos o bem-estar que foi perdido ao longo do tempo.
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